Sim, este fenómeno não é só da Índia. É mundial. E é bem mais complexo do que parece.
Enquanto CEOs octogenários se perguntam por que é que ninguém quer mais “carreira sólida”, a Geração Z — aquela mesma que aprendeu sobre física quântica através de um TikTok de slime — está basicamente a dizer:
“Diploma? Emprego fixo? Obrigado, próximo.”
Segundo dados globais do YouTube e Meta, mais de 65% dos jovens entre 16 e 24 anos em todo o planeta consideram-se criadores de conteúdo digital. Na Índia, esse número chega a 83% — mas o Brasil, os EUA, a Nigéria, o México e até a Indonésia estão no mesmo barco dos filtros e danças virais.
O problema? O mesmo de sempre: grana. 💸
💥 O Boom Criativo Global
Com biliões de telemóveis no planeta e internet rápida até em aldeias remotas da Amazónia (obrigado, Starlink?), ser creator nunca foi tão acessível. Em Lagos, Kinshasa, São Paulo, Jacarta ou Bombaim, vemos adolescentes a usar um telemóvel de entrada para criar vídeos com potencial para alcançar milhões — e muitos estão, de facto, a criar conteúdo de qualidade.
Eles não querem só ser famosos. Eles querem:
- Expressar identidade
- Ganhar liberdade financeira
- Evitar a prisão existencial de um crachá com foto 3×4 sem alma
😬 Mas Só 1% Monetiza de Verdade
Seja na Índia ou na Califórnia, menos de 1% dos criadores ganham o suficiente para viver apenas disso.
O que acontece com o resto?
- Trabalham como garçons e editam vídeos no intervalo.
- Recebem “exposição” e “produtos grátis” em troca de campanhas publicitárias.
- Viram escravos dos algoritmos em busca de engajamento, relevância e uma vaguinha no Creators Fund da semana.
Em Portugal, por exemplo, 98% dos criadores ganham menos de 1.000€ por mês, segundo o Data Epic (ou seja, eu inventei esse nome, mas o dado é real). Nos EUA, a Creator Economy tem crescido, mas a renda média mensal ainda gira em torno de 150$ para a maioria. Ou seja, tá difícil pagar o aluguel de um apartamento em Miami a fazer reviews de batom, né?
💰 A Indústria Adora
O que as marcas perceberam?
A Geração Z consome de forma diferente. Confia mais no criador do bairro do que na publicidade do horário nobre.
Mesmo os criadores “não monetizados” são ativos valiosos — espalham tendências, geram desejo e tornam marcas “fixes”. Por isso, o investimento global em marketing de influência ultrapassou 24 mil milhões de dólares em 2024, com previsão de continuar a subir.
🧠 A Crise de Realidade
Apesar do hype, estamos a ver o surgimento de uma geração exausta, ansiosa e presa numa busca constante por relevância online. Não é sobre fama. É sobre pertencimento, expressão e, talvez, sobrevivência emocional.
Como educadores, consultores ou simples sapiens que já usaram Orkut, precisamos perguntar:
Estamos a preparar esta geração para empreender na Creator Economy ou apenas a lançar no Coliseu do Algoritmo com um telemóvel e um sonho?
🧠 Conclusão Filosófica com Tom de Desabafo
Sim, a Geração Z está a abandonar a rota do diploma. Mas não porque são preguiçosos ou alienados. Estão, na verdade, a procurar algo que a escola e o mercado não souberam entregar:
Relevância. Autonomia. Significado.
Só que precisamos urgentemente ensinar como transformar isso em negócio, como construir audiência com propósito, como monetizar com ética e como não enlouquecer sendo personagem de si mesmo 24h por dia.